O que sonhamos juntos: como foi o Processo Participativo do Mirante de Fechos

No último domingo, 6 de abril, o Vale do Sol amanheceu movimentado. Logo cedo, a equipe do CRESCE começou a montar a estrutura do encontro na Avenida Mercúrio, bem pertinho do local que poderá abrigar o futuro Mirante de Fechos. Um trecho da via foi fechado, e com o apoio da comunidade, o trânsito foi desviado. Tudo para garantir um espaço seguro e acolhedor para a participação popular.

Moradores de várias idades chegaram aos poucos trazendo com eles histórias, memórias e desejos para o bairro. Famílias inteiras se juntaram à conversa: crianças de bicicleta, jovens, idosos, até um bebê de colo com a mãe. Também participaram empreendedores locais, mostrando que o interesse pelo bem comum atravessa diferentes setores e vivências.

Começamos com uma caminhada guiada, que apresentou a área a partir de mapas e da visita ao local. A proposta em pauta é transformar a pequena ilha central da Avenida Mercúrio – hoje um espaço de passagem – em um ponto de convivência, descanso e encontro, conectando o Mirante à trilha tombada da Estação Ecológica de Fechos. Mais do que um projeto de urbanismo, estamos falando sobre fortalecer vínculos e valorizar o território.

Gabriel, de 11 anos, se animou com a ideia de ter um lugar para parar depois de pedalar pela trilha. Outras pessoas sonharam com rodas culturais, encontros musicais, rodas de conversa. Também debatemos possibilidades para tornar o trânsito mais seguro, como a mudança no fluxo da avenida e a ampliação das calçadas. A proposta de “urbanismo tático” — pequenas intervenções que geram grandes transformações — foi apresentada como um caminho possível e acessível para dar início às mudanças.

Enquanto isso, as crianças estampavam suas ideias em bandeiras coloridas com a educadora Tana Guimarães. Com tintas, palavras e desenhos, expressaram seus afetos por Fechos e ajudaram a espalhar as mensagens do CRESCE aos quatro ventos. Também teve troca de sementes e mudas nativas, com orientação sobre plantio e cuidados, formando novos vínculos com a terra e seus ciclos.

O encerramento foi com alegria e propósito: o Bloco Flor do Espinhaço trouxe suas canções que ecoam o cuidado com a água, as montanhas e os povos. Entre uma música e outra, lembramos da luta para resistir às ameaças à Fechos e às serras — e da importância de resistir com presença, união e consciência.

O Processo Participativo do Mirante de Fechos foi mais do que uma oficina. Foi um exercício de escuta, de pertencimento, de cuidado. Acreditamos que só é possível preservar o que se conhece — e por isso seguimos ao lado de quem vive o território, desenhando caminhos juntos.

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Texto por Mônica Alterthum / Imagens por Osvaldo Castro

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